João Pinto de Moura é um daqueles poetas que não rompem o cordão
umbilical com sua terra e com a cultura do seu povo. Seus versos, rimados,
procuram contar histórias vivenciadas por ele. Chega a ser a epopeia de um
mutuense que celebra suas vitórias com júbilo que as transmitem em cada estrofe
da sua poesia de fácil compreensão e de profundas reminiscências que nos levam
a viajar a através do tempo.
Pessoas e lugares que habitam a sua memória dão vida a seus
poemas. É por isso que seu jeito de poetizar provoca saudades. Podemos pescar
no amplo ribeirão do seu livro Histórias de uma vida em versos menção a fatos
que servem de base para reconstruir histórias, como o grupo de adolescentes
Atalaia. O livro de João Pinto de Moura também é um álbum de lembranças
especiais da sua vida que trazem em segundo plano ambientes de tempos idos que
ficaram aqui eternizados.
Como proposta da nossa série, abrimos nossa pentologia com
Histórias de uma vida, o primeiro poema, como um prefácio do que vamos
encontrar em cada página, e por último o poema Registrei para vocês, que serve
de posfácio.
Os outros três poemas foram de difícil escolha. Quisemos
representar a pluralidade de assuntos. Escolhermos Charola para lembrar uma das
atividades culturais de cunho religioso que faz parte da sua realidade atual. Já
A pracinha – igrejinha de São Sebastião nos trás uma parte da história do
catolicismo em Mutum que nem todo mundo conhece.
Tia Juraci é uma bela homenagem a uma pessoa que foi, para
muitos, sinônimo de simpatia, serenidade e caridade. Acredito que João Pinto de
Moura tem muito mais a falar de sua tia. Quem sabe em um próximo livro.
Antes de ter a oportunidade de publicar seu livro através da
Lei Aldir Blanc (Lei Federal Nº 14.017/2020), seus poemas já foram objeto de
leitura e comentário em uma das nossas sessões do Café Literário. Foi a única experiência
que tivemos com escritores ainda não publicado.
Vamos aos cinco poemas que escolhemos para esta pentalogia.
Não é tudo que passou
É, parte de minha história
Desde quanto começou
Eu nasci em um recanto
Num cantinho beira mata
Onde passei minha infância
No córrego Ponte Alta
Nossa casa era pequena
Mas era muito singela
Pra buscar água na bica
Atravessava uma pinguela
É, parte de minha história
Desde quanto começou
Num cantinho beira mata
Onde passei minha infância
No córrego Ponte Alta
Mas era muito singela
Pra buscar água na bica
Atravessava uma pinguela
Construída de pau a pique
Amarrada de cipó
Com telhado de tabuinha
Bem pertinho da vovó
Também gosto da popular
Gosto muito da charola
Pra meus versos entoar
As histórias desses Santos
Escrevi com dedicação
Dois mártires da nossa igreja
Manoel e Sebastião
Me deixou muitas lembranças
Que hora em poeira ou barro
É onde brincavam as crianças
Onde hoje é o sindicato
Tenho grande recordação
É ali que existia
A igrejinha de São Sebastião
Tinha também um coreto
Em boa conservação
Onde ali o povo usava
Para arrematar o leilão
TIA JURACI
Falando em caridade
Lembro da Tia Juraci
Que fazia o bem a todos
E até esquecida de si
Ajudava o povo inteiro
A todos sem distinção
Se batiam em sua porta
Abria de coração
Acolhia as famílias
Os doentes do hospital
E também muitas gestantes
Pra ganhar o seu Natal
Quantas vezes em minha casa
Ela muito ajudava
Cuidando da sobrinha Celsa
Quando os meninos ganhava
Não tinha dia nem hora
Era até de madrugada
Só saía pra ir embora
Quando tudo se ajeitava
Acredito que teve no céu
Um cantinho reservado
Pois tudo de bom que fez
Lá foi bem recompensado
REGISTREI PARA VOCÊS
Eu contei para vocês
Não foi tudo que passou
Foi parte da minha vida
Desde quando começou
Um pouquinho de cada coisa
De tamanha gratidão
Dos amigos, do tempo passado
Coisas da recordação
Ao terminar estes versos
De verdadeira expressão
Que é parte do meu passado
Sinto alegria e emoção
Amarrada de cipó
Com telhado de tabuinha
Bem pertinho da vovó
CHAROLA
Na música sou sertanejoTambém gosto da popular
Gosto muito da charola
Pra meus versos entoar
Escrevi com dedicação
Dois mártires da nossa igreja
Manoel e Sebastião
A PRACINHA – IGREJINHA DE SÃO SEBASTIÃO
A Praça Raul SoaresMe deixou muitas lembranças
Que hora em poeira ou barro
É onde brincavam as crianças
Tenho grande recordação
É ali que existia
A igrejinha de São Sebastião
Em boa conservação
Onde ali o povo usava
Para arrematar o leilão
Lembro da Tia Juraci
Que fazia o bem a todos
E até esquecida de si
A todos sem distinção
Se batiam em sua porta
Abria de coração
Os doentes do hospital
E também muitas gestantes
Pra ganhar o seu Natal
Ela muito ajudava
Cuidando da sobrinha Celsa
Quando os meninos ganhava
Era até de madrugada
Só saía pra ir embora
Quando tudo se ajeitava
Um cantinho reservado
Pois tudo de bom que fez
Lá foi bem recompensado
Não foi tudo que passou
Foi parte da minha vida
Desde quando começou
De tamanha gratidão
Dos amigos, do tempo passado
Coisas da recordação
De verdadeira expressão
Que é parte do meu passado
Sinto alegria e emoção
PENTALOGIAS POÉTICAS
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