domingo, 30 de julho de 2017

A SINTONIA DO OLHAR FAUNÍSTICO DE JORGE ALVES

Essa pentalogia além de contemplar o poeta espirito-santense de São Mateus, mas residente em Vitória-ES, é também uma consideração ao nosso blog por um dos nossos leitores e parceiros, Juarez Mariano (Juarez da Lojinha) que nos apresentou o trabalho de Jorge Alves.

Durante o tempo que morou em terras capixabas, Juarez Mariano teve contato com vários escritores e pouco a pouco nos revela os trabalhos desses artistas.

Os poemas que reproduzimos são extraídos do livro Sintonia Do Olhar. O primeiro poema é o que dá título à obra e nos descreve o sol, fonte de energia para a vida na Terra. Os outros quatro têm em comum a descrição poética da fauna através das formigas, da preguiça, da relação entre as abelhas e suas classes sociais, uma metáfora das relações humanas. E por último aborda o desconforto do animal na selva de concreto. Boa leitura de cinco poemas em nossa série Pentalogia Poética.

SINTONIA DO OLHAR

Vemos o sol ao longe
nos giros que a terra dá
como um olho no universo
sempre a no acompanhar.
Iluminando nossos dias
e noites faz clarear,
em um flerte discreto
por trás do corpo lunar.
Trazendo o tempo para nós
sintonizados no seu olhar.


FORMIGAS

Formigas amigas, unidas
um exército a caminhar
apenas trabalham
não pensam em guerrear.

Carregam insetos
com a força que tem
e enormes vegetais
elas levam também.

O único objetivo
é alimentos guardar
para no inverno
poderem saborear.


PREGUIÇA

Lá vai ela
do seu jeito devagar
com braçadas preguiçosas
na árvore a escalar.
Sem preocupar-se com o tempo
nem hora de chegar
vendo espatifar no chão
frutas a se despencar.
Lá na ponta bem no alto
irá se refugiar
de predadores terrestres
que vierem lhe caçar.


DESLIZE NA COLMEIA

A rainha percebe
baixa produção
em uma das operárias
e quer saber a razão.
Rápida e discreta
começa a investigação
sendo surpreendida
com tamanha traição.
Descobre que a malandrinha
arranjou uma paixão
e ao invés do trabalho
vai namorar o zangão.
Abafa o acontecido
sem promover discussão
prendendo-os separadamente
matando-os de solidão.


BICHO SOLTO

Que lindo o mundo animal
quando se encontra
em seu habitat natural!
Presos em selva de pedras
leva uma vida infernal
são ditos de estimação
enquanto só têm ração
depois de cada apresentação.
Homens se dizem amigos
usando deturpação
e no curso da natureza

causando diminuição.


REGISTRO DO TRABALHO DE JUAREZ ALVES

OUTRAS PENTALOGIAS POÉTICAS AQUI NO MUTUM CULTURAL






terça-feira, 25 de julho de 2017

A ESCRITA CRIATIVA EM MUTUM - PARTE 3/3


Após a pausa do fim de semana, retornamos com as entrevistas da série Programa Especial Com Escritores Mutuenses dentro do Giro do Mutum, em comemoração ao Dia Nacional do Escritor. Abaixo as síntese das participações de Eni Gomes de Oliveira e José Ronaldo Siqueira, e nas considerações finais, o locutor Marcos Adriano.

ENI GOMES DE OLIVEIRA

24.07.2017

Eni Gomes de Oliveira, ou Tia Eni para muitos, compartilhou suas atividades de escritora e, sobretudo, poetisa, com os ouvintes da Rádio Cultura. Apesar de acreditar que escrever de forma criativa seja um dom, seu despertar para a literatura se deu com o saudoso professor Odilon através das redações na escola. Ainda da época de estudante, seus autores preferidos eram José de Alencar, Carlos Drummond de Andrade e Cecília Meireles. Mas a obra que realmente lhe encantou foi O Pequeno Príncipe.

Ela expressou sua constante leitura para aumento do vocabulário. E em horas não esperada, o poema vem. E quando isso acontece, é preciso por no papel, senão passa.
Cita também como escritor da sua lista de leitura J.G. de Araújo Jorge, poeta acreano. Prefere os poemas com rimas.
Mutum se faz presente em seus poemas. Principalmente na sua única obra publicada até aqui, Poemas e Orações, publicação do próprio autor. Mesmo longe da nossa terra, nos Estados Unidos, por exemplo, é de Mutum que ela lembra. Da Matriz São Manoel, da praça principal e da pracinha em frente à casa de seus pais. Recorda, por exemplo, quando a igreja de São Sebastião era perto da pracinha (Praça Raul Soares, onde funciona a feirinha). Expressa, em seus versos, os sentimentos nas várias etapas da vida.


JOSÉ RONALDO SIQUEIRA

25.07.2017

Nossa série se completa com José Ronaldo Siqueira, que mesmo não sendo mutuense da gema, acabou sendo da clara. Segundo ele, despertou para a escrita quando aqui já morava. Um prelúdio das suas escritas foi quando no fundamental, uma redação sua foi lida várias vezes. Mas foi o
texto que escreveu perante uma discussão entre dois ex-colegas de faculdade, já morando aqui na terrinha da Guaxima, a centelha para enveredar-se na escrita criativa. O texto veio a ser publicado no jornal de literatura da sua faculdade. A partir daí escrever para ele virou cachaça.
Seu modus operandi é escrever com mais intensidade quando viaja. Há também a inspiração dentro de sala, enquanto seus alunos estão fazendo as tarefas.
Dos escritores brasileiros ele cita João Guimarães Rosa e Clarice Lispector. Ele gosta dos textos que trazem fluxo de consciência quando o narrador vai e volta no tempo. Cita suas referências na literatura universal como James Joyce, Virgínia Woolf, William Faulkner entre outros. 
Como professor de Língua portuguesa, inglesa e espanhola e de literatura, José Ronaldo é fascinado pelo modo de expressar das pessoas. Ele percebeu que mesmo dentro do mesmo município, como Mutum, ele captou diversidade entre o linguajar do Himalaia para o linguajar de Roseiral, por exemplo. Esse modo diversificado de se expressar está presente em sua literatura.
Participa ativamente de concursos. Aconselha aos que querem divulgar seus textos, que também participe. Cita com exemplo o blog Concursos literários. Para ser escritor é preciso ser um bom leitor. Escreva, uma hora vai ser publicado se assim Deus quiser.
Com diversas participações em antologias, ele também destaca eu livro de contos O Prisioneiro e de microcontos, Historinha É O Escambau, fruto da sua bem sucedida participação no Prêmio Microcontos Escambau.

Nota: Em literatura, fluxo de consciência é uma técnica literária, usada primeiramente por Édouard Dujardin em 1888, em que se procura transcrever o complexo processo de pensamento de um personagem, com o raciocínio lógico entremeado com impressões pessoais momentâneas e exibindo os processos de associação de ideias.


Mais sobre José Ronaldo Siqueira 
no blog Mutum Cultural:






AS CONSIDERAÇÕES FINAIS

Essa série de entrevista não seria possível sem a comunicação objetiva do apresentador do Giro do Mutum. Nessa última postagem de uma série de três, é dele as considerações finais:
 
Marcos Adriano entrevistando nossos
convidade
No decorrer desses sete dias de entrevistas, eu e os ouvintes do Giro do Mutum, tivemos o privilégio de conhecer um pouco da vida e obra de alguns dos muitos escritores mutuenses e com eles adentrarmos ao mundo da literatura. Mundo esse tão desconhecido por nós brasileiros.

É um fato incontestável que não só em Mutum, mas que em todo nosso país há um resumido número de escritores que conseguem publicar seus escritos, e um número ainda menor de mecenas, amantes e financiadores da arte em geral, que apoiam os nossos escritores que, a ser desprovidos de tal apoio, permanecem na sombra do anonimato.

Para esses que “jazem” no anonimato, digo que perseverem e continuem a confessar suas inspirações para o mais fiel confidente que é o papel, e quem sabe, talvez em um futuro próximo ou distante, esse confidente fiel lhe traía a confiança e traga a tona suas mais profundas confissões.

Já para aqueles que têm suas obras publicadas, não digo sequer uma palavra diferente, mas por outro lado imploro a vocês que também perseverem no ofício da escrita, pois é isso que a própria escrita ou a arte em geral faz, persevera, rompe as barreiras do tempo como fizeram as obras homéricas. Perseverem e tornem eternas as impressões do homem nas páginas da História que nem sempre é fiel aos fatos, mas que nem assim deixa de ser nossa história.

Além de eternizar o homem, a arte da escrita também tem o papel de entretê-lo e por que não engajá-lo em uma demanda social contra as tiranias e em favor da liberdade. Liberdade essa que é uma das melhores definições para a escrita, pois essa, na minha sincera e humilde opinião, não deve seguir os padrões ortográficos e muito menos deve ser sistematizada em formatos previamente estabelecidos , cada qual deve escrever sendo fiel à sua identidade que só é conquistada com sua dita liberdade. Não sejamos hipócritas de desprezar verdadeiras pérolas, no bom sentido da palavra, como “a gente somos inútil” ou “seu doutor me dê licença pra minha história contar” ou “eu so fio do nordeste não nego meu naturá”. Versos como esses e muitos outros são confissões fiéis daqueles que as escreveram. Por isso, são a mais pura arte, afinal “pão e pães é questão de opiniães”.

Marcos Adriano se preparando para entrar no ar


Para terminar, agradeço aos que acompanharam as entrevistas e também aos que as cederam, e esses eu me dei ao trabalho de definí-los em poucas, porém descritivas palavras. Muito obrigado ao clássico Olívio Araújo, ao inusitado Francisco Fagundes, ao humilde Cláudio Mendes, ao devorador de rosas Gisélio Alencar, à fiel saudosista Patrícia Soares, à maior mutuense Eni Gomes e por fim ao “maior” escritor de todos esses, meu amigo, José Ronaldo. Obrigado!

Marcos Adriano (Locutor da Rádio Cultura)

NOTA DO BLOG: Contamos que em 2018 possamos novamente fazer essa parceria com a Cultura FM 87,9.



MAIS POSTAGENS SOBRE 

O DIA NACIONAL DO ESCRITOR:




DIA DO ESCRITOR


"Escrever é estar no extremo de si mesmo"
João Cabral de Melo Neto

Ser escritor não é uma tarefa fácil, e não são muitos os que o conseguem. Trabalhar com palavras pode ser uma dádiva nas mãos certas. Há algo mais poderoso que palavras?

As palavras tem o poder de nos mudar, nos fazer chorar e rir. Elas causam ódio e amor ao mesmo tempo. Escritores são criadores de um mundo fantástico, melhor do que o que habitamos. Um mundo chamado Terra da Imaginação.

Sim, imaginação. O escritor pode ser descrito exatamente assim: Uma pessoa que imagina e sente correr nas veias a necessidade de transmitir o que se sabe, o que se cria e o que se sente.

Os escritores são aqueles que proporcionam voos ao céu com os pés no chão, propiciam navegas por todos os mares do mundo, ainda desconhecidos. 25 de julho: Dia do Escritor. Queremos enaltecer toda a criatividade e inteligência daqueles que colocam todos em contato com novas culturas, novas vidas e novos mundos. Agradecer àqueles que contam histórias para dormir, histórias para refletir, histórias que fazem acordar para a vida. Seja fantasia, seja real, não há segredo, um bom livro pode mudar toda uma vida.

A todos vocês, escritores, nossa sincera homenagem!

(Mensagem de abertura da série de entrevista PROGRAMA ESPECIAL COM ESCRITORES MUTUENSES)

Heloísa Alves

segunda-feira, 24 de julho de 2017

UM POETA CHAMADO MUTUM

Entrevista com Jorge Sanglard
José Henrique da Cruz entre amigos em Juiz de fora,
a direita, Jorge Sanglard, o nosso entrevistado

Para ilustrar melhor nossas postagens a respeito do dia do escritor a ser celebrado amanhã, 25 de julho, buscando na internet sobre “literatura de Mutum”, deparamos com o TCC de Suzana Azevedo Reis, estudante de Comunicação Social na UFJF, Bar Brazil: A Contestação Estudantil Em Palavras entre outros poetas, Mutum. Em uma das páginas ela nos explica quem é Mutum. Trata-se de José Henrique da Cruz.
José Henrique da Cruz nasceu em 1957 na cidade de Carangola-MG. Viveu a partir de 1971, em Mutum-MG. Em 1972 mudou para Juiz de Fora para cursar o ensino médio, onde tomou contato com o professor e poeta Gilvan Ribeiro. Estudou Comunicação Social e trabalhou em vários jornais. Tornou-se um dos poetas locais mais reconhecidos. Morreu em 2003 em um acidente automobilístico ocorrido entre Mutum e Aimorés.
José Henrique da Cruz é um biografável por tudo que ele representou e ainda representa para quem o conheceu. No entanto, o recorte da nossa postagem é o seu produzir poético. Quem é esse poeta chamado Mutum? Para nos responder essa pergunta, o blog Mutum Cultural teve a honra de obter uma entrevista de um dos seus amigos e companheiros em Juiz de Fora-MG, Jorge Raimundo Sanglard de Paula.

A ENTREVISTA


 MUTUM CULTURAL: Antes de começarmos a falar do tema principal do nosso bate papo, José Henrique da Cruz, conhecido com Mutum, gostaríamos que você se apresentasse para o leitor do nosso blog Mutum Cultural.
 JORGE SANGLARD: Sou jornalista e pesquisador nas últimas quatro décadas em Juiz de Fora. Nasci em Juiz de Fora, morei desde pequeno e até 1971 em Manhuaçu, perto de Mutum. Em 1972 foi estudar Mineralogia em Ouro Preto e voltei a Juiz de Fora em 1975. Em 1976 iniciei o curso de Jornalismo na UFJF e encontrei o José Henrique da Cruz já no primeiro dia de aula e nos tornamos amigos e parceiros desde então. Atualmente, sou o Gerente do Departamento de Acervo Técnico do Museu Mariano Procópio. Coordenei a antologia "Poesia em Movimento", reunindo a produção poética de 42 autores contemporâneos com atuação em Juiz de Fora nos movimentos "Poesia", "Bar Brazil", "D' Lira" e "Abre Alas", entre 1975 e 2000, com destaque para a obra poética de José Henrique da Cruz. O livro conta com apresentações de Gilvan P. Ribeiro e Affonso Romano de Sant' Anna e foi publicado pela Editora UFJF em parceria com a Funalfa Edições pela Lei Municipal de Incentivo Murilo Mendes, em 2002.
   Iniciei minha carreira profissional na década de 1970, ao lado de José Henrique da Cruz, o Mutum, como um dos fundadores do jornal alternativo "Bar Brazil" e da revista "D’Lira". Ajudei, juntamente com o José Henrique da Cruz, a manter o movimento "Poesia". 
   Como jornalista, desencadeei nas páginas da Tribuna de Minas a campanha pelo resgate da importância cultural do Museu Mariano Procópio, o primeiro museu de Minas, que tem um dos mais significativos acervos do período colonial e imperial do país com mais de 55 mil peças.
   Como conselheiro do setor Literatura, por dois períodos, ajudei o Conselho Municipal de Cultura a formular o Plano Municipal de Cultura de Juiz de Fora aprovado na Câmara Municipal por unanimidade.
   Sou colaborador especial do jornal quinzenal “As Artes Entre As Letras”, no Porto, em Portugal. Fui assessor de imprensa na Ordem dos Advogados do Brasil Subseção Juiz de Fora. Colaborei, como pesquisador, com o Instituto Cultural Cravo Albin, no Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira / Dicionário Houaiss Ilustrado da Música Popular Brasileira (onde tive a honra de ser verbete como crítico de música), ajudando a redigir os perfis de compositores e músicos de Juiz de Fora e da Zona da Mata mineira, reconhecendo e valorizando nossos talentos musicais.
   Coordenei a realização da "Primeira Mostra de Arte Universitária Mineira", na UFJF, em 1977. Ajudei a articular o Som Aberto, realizado pelo DCE, na UFJF nas manhãs de sábado, a partir de 1976.
   A partir de meados dos anos 1970 e até 1981, produzi alguns dos principais shows do Circuito Universitário, em Juiz de Fora (MG), realizados por Gonzaguinha, Luiz Gonzaga, Elomar, Dércio Marques, Gilberto Gil, João do Vale, Alceu Valença e Aniceto do Império. Produziu também apresentações de Egberto Gismonti, Arthur Moreira Lima e Clara Sverner.
   Atuei, entre 1981 e 1997, como repórter de cultura e diagramador do "Caderno Dois" do jornal "Tribuna de Minas" e também trabalhei na Tribuna da Tarde.
   Em dezembro de 1998, co-produzi, no Theatro Central de Juiz de Fora, a pré-estréia do show "As cidades", de Chico Buarque.
   Como programador visual, ajudei a elaborar o projeto gráfico da "Tribuna da Tarde", criei a capa e o encarte dos discos "Alpendre", "Nuances" e "Intuitiva melodia", do compositor, violonista e guitarrista mineiro Chico Curzio, e a arte do encarte do disco "Traços na parede", também de Chico Curzio. Elaborei o projeto gráfico do CD "Sertão das Miragens", de Luizinho Lopes e Marcela Lobo, e assinei a apresentação dos CDs "Caminhos Gerais" (Ronaldo Cadeu & Daniel Morais), "Mamão com açúcar" (Armando Aguiar, o Mamão), e "Batuque de negro" (Geraldo Santana).
   Junto com o artista gráfico Jorge Arbach e com o crítico de literatura Gilvan P. Ribeiro mantive, semanalmente, uma página de literatura no "Caderno Dois" da "Tribuna de Minas" e na “Tribuna da Tarde". 
   Ao lado do jornalista e crítico de arte Walter Sebastião, ajudei a articular o movimento e a campanha "Mascarenhas, meu amor" que, no início dos anos 1980, mobilizou artistas e a comunidade para a transformação da pioneira Fábrica Bernardo Mascarenhas no Centro Cultural Bernardo Mascarenhas em Juiz de Fora.
   A partir de 1993, atuei na pesquisa, na divulgação e na luta pelo tombamento e restauração de dois ícones da arte moderna a céu aberto em Juiz de Fora: o painel em azulejos "As Quatro Estações", criado em 1956, por Candido Portinari, para a fachada do Edifício Clube Juiz de Fora, e o "Marco do Centenário de Juiz de Fora", primeiro monumento abstrato e concretista em praça pública no Brasil, projetado em 1949 por Arthur Arcuri, engenheiro-arquiteto modernista, e trazendo ainda o primeiro mosaico em vidrotil na concepção modernista criado em praça pública no país, em 1950, por Di Cavalcanti, e inaugurado em 1951.
   Tive atuação decisiva na redescoberta e no resgate da cidadania cultural do compositor, cantor e violonista De Moraes, autor da letra de "Minas Gerais", o "hino" popular dos mineiros, canção eleita pelo voto popular como a música do século XX em Minas Gerais, pela TV Globo Minas. Realizei a pesquisa e ajudei a articular a edição do CD "De Moraes", lançado pela Allca Music, com produção de Cléber Camargo, recuperando, a partir de originais em 78 rpm, 14 canções de um dos principais compositores mineiros da era do rádio, nos anos 1940 e 1950.
   Fui autor do projeto e do texto do livro “JF Anos 80”, que reuniu fotos históricas de Juiz de Fora na década de 1980 de autoria de Humberto Nicoline, também publicado com apoio da UFJF pela Funalfa Edições, aprovado pela Lei Municipal de Incentivo Murilo Mendes.
   Integrei o Conselho Diretor do Cine-Theatro Central e, entre janeiro de
Antologia poética organizada por Jorge Sanglard
com participação de José Henrique da Cruz
1997 e junho de 2003, exerci a função de Assessor de Relações Públicas da Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage (Funalfa), em Juiz de Fora, onde editei a "Revista de Cultura AZ" e ajudei a editar o jornal “Orpheu”. Colaborei com o jornal musical "International Magazine" e com o "Jornal do Rock". Colaborei com os jornais "Movimento" e "Em Tempo", nas sucursais de Minas. Fui colaborador especial do caderno semanal “das Artes das Letras” do jornal O Primeiro de Janeiro, no Porto, em Portugal. Colaborei com o Portal Literário Cronópios, em São Paulo, e com o jornal literário "Rascunho", de Curitiba, além dos jornais mineiros "Hoje em Dia" e "Estado de Minas". Fui primeiro-secretário do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Juiz de Fora e seu representante junto à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj).


MUTUM CULTURAL: Como você define José Henrique da Cruz?
   JORGE SANGLARD: José Henrique da Cruz encarnou a poesia como
poucos escritores. Viveu a poesia no dia a dia e ajudou a criar e a consolidar um dos mais importantes movimentos poéticos brasileiros a partir de meados dos anos 1970, com o folheto Poesia, o jornal Bar Brazil, e a revista D'Lira. Além de ser um grande poeta tinha um faro para editar poesia e ajudou a revelar muitos nomes que se consolidaram no universo poético e literário mineiro e brasileiro. Encontrei Mutum no primeiro dia de aula no curso de Jornalismo na UFJF e, desde esse dia, nos tornamos amigos e parceiros. 


MUTUM CULTURAL: Como foi a criação do folheto Poesia na UFJF?
   JORGE SANGLARD: A sensibilidade poética foi o fio condutor que reuniu, inicialmente, Gilvan P. Ribeiro e o saudoso José Henrique da Cruz (1957 – 2003) na articulação do folheto Poesia, em 1976, já na Universidade Federal de Juiz de Fora, após os sete primeiros exemplares terem sido editados com o apoio do Colégio Magister, em 1975. A partir daí, cada vez mais, foi sendo forjado o coletivo que deu sustentação ao
folheto Poesia, ao jornal Bar Brazil, ao folheto Abre Alas e à revista D’Lira. Ao conhecer Mutum, no primeiro dia de aula de Jornalismo na UFJF, conversamos sobre o que cada um de nós fazia e ele citou os folhetos Poesia editados no Colégio Magister por inspiração do professor de Literatura Gilvan P. Ribeiro. No segundo dia de aula, ele trouxe os folhetos e começamos a buscar a parceria de alguns novos poetas na UFJF. Na nossa sala mesmo encontramos a Raquel Scarlatelli. Assim, Minas Gerais viu florescer, a partir de 1975, em Juiz de Fora, uma geração de novos poetas e escritores que, hoje, são destaque no cenário contemporâneo da literatura brasileira: Luiz Ruffato, Iacyr Anderson Freitas, Edimilson de Almeida Pereira, Fernando Fábio Fiorese Furtado, José Santos, Sérgio Klein, Fabrício Marques, Eustáquio Gorgone, Júlio Polidoro, Knorr, Walter Sebastião, entre outros. Em 1975, trabalhando como professor de Português no Colégio Magister, Gilvan P. Ribeiro conseguiu articular o apoio da direção para fomentar um movimento de poesia, possível graças ao entusiasmo dos alunos. Em parceria com o Diretório Central dos Estudantes da UFJF, a partir de 1976, começaram a sair os folhetos com o título Poesia. Mimeografado no Colégio com papel cedido pelo DCE, o folheto funcionou como um ímã, ampliando-se bastante a partir da ideia inicial, dado o número de interessados que se manifesta na época. Distribuídos na rua, passaram a atrair mais gente. O grupo
Cartaz do evento musical Som Aberto
original, logo na Universidade Federal de Juiz de Fora, onde Gilvan P. Ribeiro já estava como professor de Literatura, se reorganizaria, adquirindo uma nova feição e ampliando o número de poetas. O folheto passaria a ser distribuído — sempre gratuitamente — nos espetáculos político-musicais chamados Som Aberto, organizados pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE) e realizados na Universidade e sua distribuição ganhava também as ruas centrais de Juiz de Fora, sendo levado à população todas as semanas.

 
MUTUM CULTURAL:     Qual a importância do Professor Gilvan Procópio Ribeiro para provocar em vocês, estudantes, o interesse pela criação literária?
   JORGE SANGLARD: A importância do Gilvan foi total. Ele, desde os tempos do Colégio Magister, incentivou os alunos, que iam fazer vestibular, à leitura de poesia e também ao fazer poético. Despertou o interesse para a leitura da poesia e motivou a todos em escrever poesia. Articulou a reflexão à ação e isso foi fundamental para ajudar a fazer do movimento um núcleo expressivo de novos poetas. 

MUTUM CULTURAL:     Em 2015, a estudante de Comunicação Social, Jornalismo, Suzana Azevedo Reis intitula seu TCC  Bar Brazil: A Contestação Estudantil Em Palavras, onde ela tenta demonstrar que o Jornal mencionado tem com intenção contestar a ditadura militar. O que de fato foi o jornal Bar Brazil? Juntamente com D’lira e Abre-Alas, tratava-se de continuidade do movimento literário iniciado com o folheto Poesia?
   JORGE SANGLARD: Os poetas reunidos ora na Poesia, ora no Bar Brazil, passando pelo Abre Alas, ou ainda em torno da D’Lira, deflagraram uma pulsação irresistível nas manhãs de sábado, seja no Som Aberto, na Universidade Federal de Juiz de Fora, seja nas ruas centrais de Juiz de Fora. A interação entre poetas e leitores impregnou o sentimento coletivo de cumplicidade, que permeou essa poesia em movimento constante. Exemplo vivo de cultura como via de duas mãos, como troca de influências e de reciprocidades. Agora, o jornal Bar Brazil, além de publicar poesia, abriu espaço para ensaios, entrevistas, ilustrações, fotografias. Representou um passo paralelo ao folheto Poesia e ampliou o leque de parcerias. Foi um veículo de jornalismo cultural antenado com o seu tempo, portanto, foi um jornal crítico à ditadura, mas voltado para dar voz cultural a quem não tinha voz.
  
MUTUM CULTURAL: Qual a relação desse movimento nos anos 70 com a Geração Mimeógrafo?
   JORGE SANGLARD: A relação do movimento com a Geração Mimeógrafo foi intensa. Nós tínhamos contato com todo mundo que editava poesia no país e trocávamos as publicações via Correios. A intenção de todos que usavam o mimeógrafo como matriz para as edições era difundir a boa poesia e aí, Juiz de Fora projetou grandes poetas para Minas e para todo o país. E o Mutum foi um desses grandes poetas revelados em Juiz de Fora. 

MUTUM CULTURAL:     Qual a atuação de José Henrique da Cruz nessa efervescência? Ele, assim como os demais, tinha consciência da importância história de tal movimento em Juiz de Fora?
   JORGE SANGLARD: José Henrique da Cruz foi essencial para que tudo isso acontecesse. Ele era o poeta que dava sustentação às publicações. Ele tinha um bom olho para vislumbrar um poeta promissor e, com isso, abriu alas para muita gente boa divulgar a sua poesia e mostrar o seu talento poético. A consciência da importância histórica do movimento foi sendo forjada ao longo do tempo. O que o Mutum e eu sabíamos é que só seria publicada poesia de qualidade. E isso foi essencial pra filtrar o que era bom e dar peso literário ao movimento.  

MUTUM CULTURAL: Como você acompanhou a produção literária de José Henrique da Cruz?
  JORGE SANGLARD: Acompanhei a produção literária do José Henrique da Cruz desde o segundo dia de aula no curso de Jornalismo na UFJF, quando ele levou os primeiros sete folhetos da Poesia editados no Magister. Daí em diante nos tornamos grandes amigos e encaramos a parceria pra reativar o folheto Poesia e a criação do jornal Bar Brazil e da revista D'Lira. E, mesmo depois de sair da faculdade, acompanhei a produção poética do Mutum.

MUTUM CULTURAL: Como ele reagia ao ser chamado de Mutum?
  JORGE SANGLARD: Com naturalidade. Para nós, ele sempre foi o Mutum. Agora, assinava todos os poemas como José Henrique da Cruz.

MUTUM CULTURAL: O que você destaca em suas obras Pequenos Poemas, de 1979, e O Alfabeto do Poeta, de 1982?
  JORGE SANGLARD: É importante destacar o conjunto da obra poética
Obras da Editora Funalfa nos anos 70 e 80
do José Henrique da Cruz. O Mutum era fera nos pequenos poemas, na percepção do cotidiano em sua escrita. Desde os primeiros poemas na Poesia até as suas últimas criações poéticas, sua inventividade era imensa. Toda a poesia do José Henrique da Cruz tem densidade.  

MUTUM CULTURAL: Como vocês se relacionaram durante a fase em que ele esteve em São Paulo?
   JORGE SANGLARD: Nós sempre estávamos em contato. Quando editei a antologia "Poesia em Movimento", os poemas do José Henrique da Cruz foram os primeiros a serem escolhidos. O livro é uma homenagem a toda a trajetória do Mutum como poeta. E ele esteve presente no lançamento da antologia em Juiz de Fora e em São Paulo.

MUTUM CULTURAL: Você acompanhou o processo de edição de Manuscritos Azuis? E da reedição de O Alfabeto do Poeta?
  JORGE SANGLARD: Sim, ajudei a reunir os poemas do José Henrique da Cruz. Todo mundo que participou do movimento deu a sua contribuição.

MUTUM CULTURAL: Como a convivência com José Henrique da Cruz e as atividades culturais dos anos 70 influenciou na sua carreira de produtor cultural e jornalista?
  JORGE SANGLARD: Influenciou de todas as formas. A força da poesia do José Henrique da Cruz inspirava a todos. E eu, como parceiro mais próximo na escolha dos poemas para editar o folheto Poesia, vivenciei toda a criatividade do Mutum bem de perto.  Articulamos juntos o Bar Brazil, depois a D'Lira. sempre trocando informações e vislumbrando editar o material a partir do critério de qualidade. Depois, trabalhamos juntos em redação de jornal.

MUTUM CULTURAL: O que mais podemos falar de José Henrique da Cruz para que ele continue vivo em nossa memória?
   JORGE SANGLARD: É importante manter viva a poesia do José Henrique da Cruz. E é essencial manter viva a memória da grande pessoa que foi o Mutum. Foi um cara generoso, talentoso e que vivia a poesia. Juiz de Fora deve muito ao José Henrique da Cruz por ter ajudado a forjar um dos mais importantes movimentos poéticos a partir de meados dos anos 1970. A cidade passou a respirar poesia a partir do momento em que o Mutum resolveu espalhar poesia pelo Campus da UFJF e pelas ruas centrais de Juiz de Fora. 



***
“O suor do seu corpo dormiu no meu corpo/como se fosse o meu suor/Este peso, lembrante de tempo e trabalho/amor/teceu quedas e delírios em mim/com um sabor de frutas e riquezas” 
José Henrique da Cruz


domingo, 23 de julho de 2017

EXPRESSÕES CULTURAIS NA EXPOMUTUM,



Uma exposição agropecuária é cultura? Pode se dizer que é a oportunidade de levar ao povo a chamada cultura de massa. Um rodeio, sempre a mercê de um debate, pode também ser encarado como algo cultural. Atendendo a demanda de mercado estão os shows.
Ainda que o debate não se encerre aqui se uma exposição agropecuária é ou não é cultura, inegável, no entanto, é o trabalho da Secretária Municipal de Cultura que ocupa um espaço importante na programação da ExpoMutum abrindo território para que as expressões culturais do nosso município se manifeste. O Centro de Convenções Edmundo José da Silva e seu entorno está tomado por atividades que alimentam a nossa sede de visualizar nossa história e, sobretudo, o talento de nossa gente. Você encontra quatro atrações para ver, admirar, relembrar e consumir.

EXPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA COMO É BOM CONTAR NOSSA HISTÓRIA



Trata-se do Centenário das Folias e Charolas de São Sebastião em Terras Mutuenses. Segundo o secretário de cultura César Tomé, a proposta da exposição é contar um pouco dos 100 anos desse modo de expressão chamado charola em terras mutuenses. Não se trata apenas de contar a história do grupo que se iniciou e continua na ativa, mas de trazer manifestações do passado e do presente que contribuem para a riqueza cultural dessa forma de expressão. Há na exposição fotográfica, organizada pelo secretário de cultura, com trabalhos de Genilton Elias e Giancarlo Almeida, além do grupo formado especificamente para celebrar o centenário dentro do IV Encontro de Charolas e folias de São Sebastião em Mutum, a se realizar no dia 17 de setembro.
Na oportunidade, o Blog Mutum Cultural conversou com o sr. Nilton José da Silva (Nilton do Lot), um dos membros do grupo de trabalho, que além da sua história dentro dessa história maior que abrange mais de um grupo, nos mostrou os momentos marcantes, o início de tudo quando Antônio Chumbinho e Modesto Teixeira exerceram o pioneirismo nos idos de 1917. Para seu Nilton a exposição fotográfica traz a memória do povo para a geração mais nova visualizar a cultura do passado. “100 anos não é 100 dias.” Salientou.



IRIA & SEBASTIANA



O primeiro CD da dupla Iria & Sebastiana, O Dono do Milagre, é outra amostra da nossa cultura.
Unindo a tradição da música sertaneja raiz com a mensagem evangélica, a dupla lança seu primeiro CD de composições próprias.


OS QUADROS DE CÉLIO RAFAEL

Outra atração cultural são os quadros do pintor Célio Rafael. Com temas que variam de animais a flores, são quadros que podem decorar qualquer ambiente.




OS ENTALHES DE ANTÔNIO MARCOS



Divulgado no grupo do nosso facebook, a esperada exposição das esculturas em madeiras de Antônio Marcos (Nego) do distrito de Roseiral estão primorosamente espalhadas pelo gramado para serem apreciadas e adquiridas. O seu trabalho pode ser acompanhado in loco.

Sobre a importância desse espaço conquistado pela secretaria municipal de cultura para que as manifestações artísticas viessem a tona em dias de comemorações, Antônio Marcos nos disse que ver muita importância pela divulgação e valorização do trabalho da arte e cultura de Mutum. As pessoas de fora que visitam os trabalhos, vê com entusiasmo e adquirem peças para assim ter em mãos o talento mutuense que se manifesta de diferentes formas. Há inclusive a constatação que em nada deixamos a desejar para outros lugares com maiores possibilidades.
Os trabalhos de Antônio Marcos já foram expostos na
Assembleia Legislativa de Minas Gerais, nos lembra.
Ainda dentro da valorização da cultura mutuense lembramos a apresentação da Banda Musical Mutuense na abertura da ExpoMutum, quarta-feira.



Visite as expressões culturais no Centro de Convenções Edmundo José da Silva, no Parque de Exposições. Hoje será o último dia.

sexta-feira, 21 de julho de 2017

A ESCRITA CRIATIVA EM MUTUM - PARTE 2/3

Dando sequência à série de entrevistas Programa Especial com Escritores Mutuenses completamos a primeira semana com mais três escritores que
Heloísa Alves
moram na nossa amada terra encontrando inspiração em nossa natureza, em nossa gente e em nosso jeito de celebrar a vida. Confira a seguir a síntese dos depoimentos de cada um pelas ondas da Rádio Cultura no programa O Giro de Mutum, apresentado por Marcos Adriano e editado juntamente com Heloísa Alves, coordenado por Padre José Marcelino.

CLÁUDIO ANTONIO MENDES

19.07.2017

O Entrevistado no terceiro Programa Especial com Escritores Mutuenses foi Cláudio Antonio Mendes. Um ponto fora da curva, como ele disse ser definido por um amigo.
Cláudio Antonio Mendes
Cláudio Antonio Mendes tem participado de antologias como a dedicada a si pela Palavra É Arte. Começou falando do seu processo de alfabetização ainda antes de ir para a escola ao ganhar uma caixa de livros do Mobral de seu avô.
Citou Luiz Lopes Coelho, contista talvez desconhecido para a maioria dos mutuenses e Ferreira Gullar, poeta falecido no final do ano passado.
Falou do seu processo eclético de criação. Salientou que Mutum figura em suas obras, seja como cenário, seja com seus personagens característicos.
Falando do mercado literário, que mesmo sendo literário, não deixa de ser mercado, apontou cinco caminhos para que o autor faça com que seu texto seja lido.
Em resposta à sua postagem no facebook, assim disse Heloísa Alves, editora do programa O Giro do Mutum: ...Seus autores preferidos são Sidney Sheldon, Luiz Lopes Coelho, CDA, Agatha Christie . Como é fã dos contos policiais!!!. Também o inspira a poesia de Ferreira Gullar. Tem consciência que a Literatura cumpre sua função social quando leva o leitor a transcender a realidade, a refletir e questionar, a buscar outras visões do mundo...  Cláudio, Você nos convida a sonhar com um novo mundo possível! Parabéns! Sucesso nas suas empreitadas da escrita criativa.


Mais de Cláudio Antonio Mendes em: PENTALOGIA POÉTICA



GISÉLIO ALENCAR

20.07.2017

Gisélio Jacinto Alencar, um escritor mutuense/penhense (Penha do
Gisélio Alencar
Capim) nos deu a honra de ser o quarto entrevistado da série. Seu encanto pela leitura começou quando seu vizinho lhe emprestava os livros da coleção Tesouro da Juventude. O seu despertar para a escrita criativa inicia-se quando resolve fazer uma homenagem ao pai falecido, um poema que está na página 37 do seu livro Um Olhar Para o Horizonte.
         Sua referência na poesia é Olavo Bilac, poeta parnasiano considerado o Príncipe dos poetas. Gosta muito de sonetos. Sua criação literária é uma mistura de inspiração com o ato contínuo de escrever. Refugia-se muito na solidão para sintetizar suas vivências e observações. Cita a AABB com refúgio preferido.
         Mencionou as singularidades de suas duas obras de poemas. Um Olhar Para o Horizonte traz ao lado de cada poema biografia de poetas brasileiros, cumprindo também sua função didática de difundir os autores brasileiros. Já em Fragmentos Perdidos transcreve em poemas paisagens, objetos e pessoas do cotidiano.
         Falou da contra-arte nas redes sociais. No entanto, a comunicação instantânea da informática ajuda na divulgação das obras. Incentivou quem escreve. Entende que para alguns a escrita é mesmo uma atividade intimista. Para ficar só pra si. Mas nesse mercado restrito, quem escreve deve insistir, uma hora a sua escrita vai aparecer.
         Encerrou a entrevista lendo um capítulo do seu romance, em processo de revisão, Os Fugitivos, dedicado ao amigo e vizinho que lhe emprestava os livros da coleção Tesouro da Juventude.

Mais de Gisélio Alencar: PENTALOGIA POÉTICACAFÉ LITERÁRIO



PATRÍCIA SOARES TEIXEIRA

21.07.2017

A série de entrevista seguiu pela sexta-feira tendo uma escritora abrindo a participação feminina nossos microfones da Rádio Cultura, programa O Giro do Mutum.
Patrícia Soares Teixeira 
Para Patrícia Soares, para escrever é preciso ler. Ela escrevia, no entanto, guardava seus escritos. Quando passou a ser mãe, escrevia para o filho. Entendeu que esse legado precisava ser divulgado, foi aí que lançou seu primeiro livro,  Mais Que Palavras, em julho do ano passado.
Lembrou-nos do seu primeiro contato com as histórias de Monteiro Lobato, que voltou a ser citado quando a entrevistada falou da importância social da literatura, mas é na faculdade que teve influência de Carlos Drummond de Andrade.
Sobre o exercício da escrita ela afirmou que o tempo não anda muito seu amigo, na sua atividade literária, inspiração e prática se misturam. Na sua condição de professora, tenta despertar sonhos em seus alunos. Elogiou as redes sociais quando bem usada como o nosso blog, mas salientou os riscos dessa ferramenta quando não bem usada.
A pedra Invejada, presente em sua obra, bem com a tradição de sua família na arte da música, do humor e da literatura. Uma boa observadora da natureza, Patrícia Soares consegue fazer da sombra de uma árvore luz para seu poetizar.


Acesse a primeira parte da postagem em: A ESCRITA CRIATIVA - PARTE 1/3