terça-feira, 25 de julho de 2017

A ESCRITA CRIATIVA EM MUTUM - PARTE 3/3


Após a pausa do fim de semana, retornamos com as entrevistas da série Programa Especial Com Escritores Mutuenses dentro do Giro do Mutum, em comemoração ao Dia Nacional do Escritor. Abaixo as síntese das participações de Eni Gomes de Oliveira e José Ronaldo Siqueira, e nas considerações finais, o locutor Marcos Adriano.

ENI GOMES DE OLIVEIRA

24.07.2017

Eni Gomes de Oliveira, ou Tia Eni para muitos, compartilhou suas atividades de escritora e, sobretudo, poetisa, com os ouvintes da Rádio Cultura. Apesar de acreditar que escrever de forma criativa seja um dom, seu despertar para a literatura se deu com o saudoso professor Odilon através das redações na escola. Ainda da época de estudante, seus autores preferidos eram José de Alencar, Carlos Drummond de Andrade e Cecília Meireles. Mas a obra que realmente lhe encantou foi O Pequeno Príncipe.

Ela expressou sua constante leitura para aumento do vocabulário. E em horas não esperada, o poema vem. E quando isso acontece, é preciso por no papel, senão passa.
Cita também como escritor da sua lista de leitura J.G. de Araújo Jorge, poeta acreano. Prefere os poemas com rimas.
Mutum se faz presente em seus poemas. Principalmente na sua única obra publicada até aqui, Poemas e Orações, publicação do próprio autor. Mesmo longe da nossa terra, nos Estados Unidos, por exemplo, é de Mutum que ela lembra. Da Matriz São Manoel, da praça principal e da pracinha em frente à casa de seus pais. Recorda, por exemplo, quando a igreja de São Sebastião era perto da pracinha (Praça Raul Soares, onde funciona a feirinha). Expressa, em seus versos, os sentimentos nas várias etapas da vida.


JOSÉ RONALDO SIQUEIRA

25.07.2017

Nossa série se completa com José Ronaldo Siqueira, que mesmo não sendo mutuense da gema, acabou sendo da clara. Segundo ele, despertou para a escrita quando aqui já morava. Um prelúdio das suas escritas foi quando no fundamental, uma redação sua foi lida várias vezes. Mas foi o
texto que escreveu perante uma discussão entre dois ex-colegas de faculdade, já morando aqui na terrinha da Guaxima, a centelha para enveredar-se na escrita criativa. O texto veio a ser publicado no jornal de literatura da sua faculdade. A partir daí escrever para ele virou cachaça.
Seu modus operandi é escrever com mais intensidade quando viaja. Há também a inspiração dentro de sala, enquanto seus alunos estão fazendo as tarefas.
Dos escritores brasileiros ele cita João Guimarães Rosa e Clarice Lispector. Ele gosta dos textos que trazem fluxo de consciência quando o narrador vai e volta no tempo. Cita suas referências na literatura universal como James Joyce, Virgínia Woolf, William Faulkner entre outros. 
Como professor de Língua portuguesa, inglesa e espanhola e de literatura, José Ronaldo é fascinado pelo modo de expressar das pessoas. Ele percebeu que mesmo dentro do mesmo município, como Mutum, ele captou diversidade entre o linguajar do Himalaia para o linguajar de Roseiral, por exemplo. Esse modo diversificado de se expressar está presente em sua literatura.
Participa ativamente de concursos. Aconselha aos que querem divulgar seus textos, que também participe. Cita com exemplo o blog Concursos literários. Para ser escritor é preciso ser um bom leitor. Escreva, uma hora vai ser publicado se assim Deus quiser.
Com diversas participações em antologias, ele também destaca eu livro de contos O Prisioneiro e de microcontos, Historinha É O Escambau, fruto da sua bem sucedida participação no Prêmio Microcontos Escambau.

Nota: Em literatura, fluxo de consciência é uma técnica literária, usada primeiramente por Édouard Dujardin em 1888, em que se procura transcrever o complexo processo de pensamento de um personagem, com o raciocínio lógico entremeado com impressões pessoais momentâneas e exibindo os processos de associação de ideias.


Mais sobre José Ronaldo Siqueira 
no blog Mutum Cultural:






AS CONSIDERAÇÕES FINAIS

Essa série de entrevista não seria possível sem a comunicação objetiva do apresentador do Giro do Mutum. Nessa última postagem de uma série de três, é dele as considerações finais:
 
Marcos Adriano entrevistando nossos
convidade
No decorrer desses sete dias de entrevistas, eu e os ouvintes do Giro do Mutum, tivemos o privilégio de conhecer um pouco da vida e obra de alguns dos muitos escritores mutuenses e com eles adentrarmos ao mundo da literatura. Mundo esse tão desconhecido por nós brasileiros.

É um fato incontestável que não só em Mutum, mas que em todo nosso país há um resumido número de escritores que conseguem publicar seus escritos, e um número ainda menor de mecenas, amantes e financiadores da arte em geral, que apoiam os nossos escritores que, a ser desprovidos de tal apoio, permanecem na sombra do anonimato.

Para esses que “jazem” no anonimato, digo que perseverem e continuem a confessar suas inspirações para o mais fiel confidente que é o papel, e quem sabe, talvez em um futuro próximo ou distante, esse confidente fiel lhe traía a confiança e traga a tona suas mais profundas confissões.

Já para aqueles que têm suas obras publicadas, não digo sequer uma palavra diferente, mas por outro lado imploro a vocês que também perseverem no ofício da escrita, pois é isso que a própria escrita ou a arte em geral faz, persevera, rompe as barreiras do tempo como fizeram as obras homéricas. Perseverem e tornem eternas as impressões do homem nas páginas da História que nem sempre é fiel aos fatos, mas que nem assim deixa de ser nossa história.

Além de eternizar o homem, a arte da escrita também tem o papel de entretê-lo e por que não engajá-lo em uma demanda social contra as tiranias e em favor da liberdade. Liberdade essa que é uma das melhores definições para a escrita, pois essa, na minha sincera e humilde opinião, não deve seguir os padrões ortográficos e muito menos deve ser sistematizada em formatos previamente estabelecidos , cada qual deve escrever sendo fiel à sua identidade que só é conquistada com sua dita liberdade. Não sejamos hipócritas de desprezar verdadeiras pérolas, no bom sentido da palavra, como “a gente somos inútil” ou “seu doutor me dê licença pra minha história contar” ou “eu so fio do nordeste não nego meu naturá”. Versos como esses e muitos outros são confissões fiéis daqueles que as escreveram. Por isso, são a mais pura arte, afinal “pão e pães é questão de opiniães”.

Marcos Adriano se preparando para entrar no ar


Para terminar, agradeço aos que acompanharam as entrevistas e também aos que as cederam, e esses eu me dei ao trabalho de definí-los em poucas, porém descritivas palavras. Muito obrigado ao clássico Olívio Araújo, ao inusitado Francisco Fagundes, ao humilde Cláudio Mendes, ao devorador de rosas Gisélio Alencar, à fiel saudosista Patrícia Soares, à maior mutuense Eni Gomes e por fim ao “maior” escritor de todos esses, meu amigo, José Ronaldo. Obrigado!

Marcos Adriano (Locutor da Rádio Cultura)

NOTA DO BLOG: Contamos que em 2018 possamos novamente fazer essa parceria com a Cultura FM 87,9.



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