terça-feira, 9 de agosto de 2016

PENTALOGIA POÉTICA: CLÁUDIO ANTONIO MENDES

No Pentalogia Poética de hoje estamos compartilhando poemas de um livro, quem ainda não esteja publicado fisicamente, está nos site de auto publicação. Hora é divulgado, ora é retirado.
Trata-se de UNI VERSO, de autoria de Cláudio Antonio Mendes, que em alguns momentos, apresenta-se com o pseudônimo KLAUS MENDES.


CAPA NO SITE CLUBE DE AUTORES

Segue cinco de seus poemas:
EMERGÊNCIA

corro
ao teu encontro
como ambulância
pro pronto socorro

estou enfermo
sem amor
sem termo
e temo a solidão eterna

dê-me
um balão de oxigênio
um beijo oxidante
quero prazer até enferrujar

EMERGÊNCIA!
o nosso amor não pode ficar
comprimido
em cumprimentos

***
BEIJOS

o xerife beijou o chifre do juiz
e fez o pacto

o juiz beijou o nariz do xerife
e se fez pacato

enquanto eu beijava teus lábios
e te amava de fato

***
ESPELHO MEU

perguntei ao espelho meu
se existe algum outro poeta
que escreve uma poesia
nem clássica, nem concreta

ele me disse que não
somente eu mesmo
em dias quente de verão
anda a esmo
no meio da multidão
tendo como companhia
a ironia e a solidão
e a barriga vazia
que reclama pelo pão
nosso de cada dia
nesse dia de cão

***
NOTA DE ABURGUESAMENTO

sempre me uniformizaram
de capacete e macacão
só agora me vestiram
um terno (de madeira)

sempre fui um inquilino
andando de cortiço em cortiço
conheço todos da cidade
todos tem o mesmo cheiro
e  o mesmo apetite sexual

agora jogarão na minha cara
um pouco de terra
mas ali não terei ameaças
de ser despedido
de ser despejado

sempre me empurraram
lotação adentro, lotação afora
agora me levam carregando
estão chorando
e eu sorrindo

sempre fui um inútil
para todos, menos para mim
e para a minha nega
nas noites de cio
e agora andam dizendo
que farei falta
e o padre que sequer sabia
que eu era fiel
rezará por mim no sétimo dia

agora que como
tuberosas pelas raízes antes da colheita
é que se lembra de acrescentar
uma cruz ao meu nome

agora não me pesam mais
agora não me medem mais
e nem me pedem exame de fezes
agora o que é perda
aos olhos dos que ficaram
é o que me enriquece
                               
a morte é emancipatória!

***

PÂNTANOS & PONTES

Uni versos meus
e preconcebi um poema
que anda, e canta, e ama, e manda
que vai a feira
que vai a festa
que vai a merda
que vai a fundo
num pulo de paraquedas
entre parabólicas e paranoicos
para dizer que um pingo
para o poeta
pode ser um pântano
pode ser uma ponte
tudo é uma questão
de ponto de vista

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UNI VERSOS (NO RECANTO DAS LETRAS)

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