terça-feira, 23 de agosto de 2016

VILA NORBERTO

Esse texto foi postado no perfil de Antônio Soares de Moura, há um mês por ocasião do falecimento do seu tio, o saudoso Gonzaga.
ANTONIO SOARES DE MOURA

VILA NORBERTO


Lá nos confins da minha terra que não fica aqui tão perto, tem uma vila pequena e simples que se chama Vila Norberto.
Desta vila saiu seis moços, coisa igual nunca se viu. Todos falam com respeito.
Olha! São os filhos do Ziziu.
Tio Mazinho, se era bom peão? Menino você sabe que nunca menti. Peão igual a ele nesta terra nunca vi, eu já sei desta história desde a época que nasci.
Ah! Tio Zequinha, veja só o que já foi:
Foi carreiro, vaqueiro, tropeiro, tangerino, escrivão e rezador. Uma coisa eu posso dizer: Quando falta padre na cidade lá vai ele pra socorrer.
Escuta Tio Geraldo, lembro-me de quando seus versos faziam e, todos nós, aqui sorriamos. Hoje o senhor está no céu onde nos encontraremos qualquer dia.
Tio Elzim, este é bravo e, é esperto igual burro estrela, mas uma coisa tem certeza, ele é sul-americano. Por quê? Por que gosta do Brasil e da Argentina do Baiano.
Agora de quem falo é do meu pai o Inhô, “O homem do humor”, trate o com respeito, pois foi ele que me criou.

GONZAGA
O caçula é o tio Gonzaga. Já viu falar? Coitado nunca pode se casar por que ele tinha a vó Quita e o tio Geraldo pra cuidar.
Eu era pequeno, mas ainda me lembro dos biscoitos que trazia só pra ver os filhos do Inhô e a festa que faziam.
Na década de 70 começou vir tristeza. Perdemos a vó Quita e perdemos minha mãe Cornélia. Não se lembra dela? Era filha da vó Amélia.
Aos poucos foi se acabando e os parentes se afastando, hoje resta na vila os vizinhos e os meus sobrinhos os filhos da Maria, mas meu coração distante e só, ainda grita: “Que saudade da vila, da vila da Vó- Miquita” 


São Miguel do Guaporé, 15 de março de 1993.

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