FOTO: LÉO GOMES |
A exposição, a priori, é para expor produtos da agricultura e da pecuária.
Mas mandioca de dois metros ou aquelas vacas que dão oitenta litros de leite por ordenha, é o que menos se vê.
Diria os maldosos que o que se expõe são outras mandiocas e outras tetas.
Tirando a maldade de lado, o que se expõe é muito mais que produtos da agricultura e da pecuária.
Tem um parquinho que é um tormento para os pais. No começo fica a ala das crianças menores, a turma da educação infantil: os famosos carrosseis com seus cavalinhos fazendo trezentos e sessenta graus, que de um tempo prá cá tem carrinho também. Vai que alguma criança não se encanta com cavalos, não faça questão de uma montaria. Tem mais cavalo no carrossel que nas baias.
Mas o cavalinho do carrossel ainda pode chamar a atenção. Minha geração chamada de coca-cola, geração rock n'roll, se espanta como a vida é cíclica. Como a adolescência e juventude de hoje gosta de uma cavalgada. A empolgação é a mesma que tinhamos diante da possibilidade de um festival de rock. Mas o roqueiro ficou estigmatizado em propagandas dos postos Ipiranga. Somos rebeldes que só dizem sim.
Em uma coisa a cavalgada até se parece com um festival de rock, ops, era para falar da exposição.
Voltando ao parquinho de diversões e de gastança dos pais, mais para o meio vem os brinquedos da turma dos anos iniciais do ensino fundamental. O bate-bate é o preferido. É quando os nossos rebentos querem nos imitar a dirigir. Mas batem conforme o nome do brinquedo sugere.
No fundo fica a diversão para a turma do Ensino fundamental nos anos finais e a turma do ensino médio. É o samba. Fica no fundinho. Sabe se lá porquê.
Bem, a turma universitária até revisita o parquinho. Mas as barraquinhas de drinques não estão ali.
Exposição também é tempo de transpor antes de se expor. Muitos querem beber muito para se transpor da realidade rotineira para a realidade etílica. Uma espécie de mundo virtual onde na bebedeira tudo posso.
Expõe-se a beleza juvenil. Quanto é prazeroso desfilar pelo parque de exposição ao lado de alguém bonito ou bonita. Ser pegador ou pegadora no momento de pico, é estar ao lado de alguém que satisfaz os padrões de beleza impostos pela sociedade, e esses padrões são cada vez mais exigentes. Aqui vale ressaltar que se vê em todos os cantos os grupos daqueles que não se encaixam nos padrões fazendo uma espécie de pré-aquecimento para uma possível pegança mais tarde. A boate fica no canto, mas o seu som estridente a certas horas toma de assalto todo o parque de exposição.
Na exposição agropecuária também se expõe roupas. Cada qual quer está elegante. As meninas adeptas dos trajes mínimos encaram o frio numa boa como que num prenúncio do aquecimento global.
Tem também a exposição da vida familiar entre colegas de trabalho. Sobretudo daquele novo colega que aparece na exposição ao lado do cônjuge, puxando pela mão seus filhos, os pequenos apenas. Aí dá pra ter ciência da família dos colegas de lida.
Tem exposição de artistas. São em exposições do interior que artistas regionais, em dias de semana, acabam biliscando uma chance de se apresentar em uma estrutura melhor.
Diria alguns que também tem a exposição de caras de pau. Isso se dá sobretudo na abertura com a presença dos políticos, sobretudo dos que fazem uso da fala.
Bem, se a gente abrisse uma enquete com a hashtag, o que tem na exposição, daria uma lista enorme.
O que eu sei é que na exposição se expõe muito mais que mandioca e úberes bovinos.
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