quarta-feira, 7 de setembro de 2016

ARTE SOBRE PELE: ROGÉRIO FIDELIS

Arte Sobre Pele, mais uma série do blog Mutum Cultural, entrevista Rogério Fidelis, que nos fala do seu trabalho. São opiniões sinceras que revelam sua disposição de estar sempre evoluindo.

MUTUM CULTURAL: Qual sua opinião sobre a relação tatuagem e arte?
ROGÉRIO FIDELIS: Na verdade a tatuagem é uma forma milenar de arte, existente desde décadas antes de Cristo. É uma forma de arte mais popular, que a cada dia se torna mais comum, seja como forma de rebeldia ou simplesmente um adorno.

 MUTUM CULTURAL: Como você se transformou em um tatuador?
ROGÉRIO FIDELIS: Acho que o amor pela tatuagem sempre esteve em mim, só não havia descoberto. Desde moleque adorei tatuar, sou autodidata e riscava tudo a minha frente. Mas foi somente em 2013, depois de sofrer sérios acidentes, que me deixaram cadeirante por um tempo, que descobri meu amor pela tatuagem. Foi esse amor que me ajudou a seguir em frente e buscar forças onde não tinha.

MUTUM CULTURAL: Que grupo social procura mais se tatuar?
ROGÉRIO FIDELIS: Tradicionalmente são as pessoas do Underground. O grupo mais alternativo: Quem curte rock, skatistas, o pessoal do hip hop. Mas hoje as coisas estão mais abrangentes, e com a tatuagem em alta na mídia e entre os jogadores de futebol, esse pessoal que segue tendências e "copia" tudo que vê tem se tatuado bastante, para ficarem iguais aos seus "ídolos".

 MUTUM CULTURAL: Você acompanhou essa polêmica sobre tatuados (as) não poderem atuar em serviços públicos?
ROGÉRIO FIDELIS: Na verdade não, vi alguma coisa por alto, pelo que vi no Facebook. Em minha opinião caráter e competência não se medem por tatuagens, e sim por gestos e ações. Se uma pessoa está capacitada e apta para determinado cargo, não são tatuagens, brincos, piercings ou corte de cabelo que deveriam influenciar em sua contratação. No país ainda existe um preconceito gigantesco quanto a isso. Algumas pessoas nos olham como se fossemos bicho.
MUTUM CULTURAL: Como anda a expansão da adesão a tatuagem?
 ROGÉRIO FIDELIS: Como disse antes, hoje o preconceito existe. Mas está menor e mais abrangente e com a popularização da tatuagem devido a artistas e jogadores, a tatuagem está sendo muito bem aceita, seja como um fechamento de braço ou uma singela homenagem aos pais, filhos, parceiros, etc.
 MUTUM CULTURAL: O que é tatuar para você?
ROGÉRIO FIDELIS: Tatuar para mim é, antes de mais nada e antes de tudo, amor incondicional. É uma profissão, mas para mim é dedicação, estudo, amor e respeito por quem será tatuado.

MUTUM CULTURAL: Qual a tatuagem mais relevante, entre tantas, que você já fez?
ROGÉRIO FIDELIS: Todas são especiais e relevantes, cada uma é uma forma de evolução e aprendizado, mas a primeira que fiz foi uma das mais importantes, pois ali vi que era capaz, e tinha muito, mas muito, o que aprender e evoluir.

MUTUM CULTURAL: Como você se sente ao encontrar uma pessoa com uma tatuagem de sua autoria?
ROGÉRIO FIDELIS: Eu sou muito autocrítico, viu. Geralmente fico imaginando que poderia ter feito melhor, e onde e como posso melhorar.
MUTUM CULTURAL: Deixe um recado para quem pensa em se tatuar. E um recado para quem pensa em ser tatuador.
ROGÉRIO FIDELIS: Quem quer fazer uma tattoo pesquise bastante antes, olhe um bom profissional, analise seus trabalhos, opte por qualidade, não vá ao mais baratinho conhecido seu. Afinal, tatuagem é um luxo, e ficará pra sempre na sua pele. Pra quem deseja se tornar um tatuador, estude, estude e estude. Pratique bastante na pele artificial e no toucinho, só depois que tiver e sentir segurança, vá pra pele humana, e comece por desenhos simples e sem complexidade. E viva a arte sempre, e muita tinta na pele pra todos que amam a tatuagem.


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