sábado, 22 de fevereiro de 2014

A CACHAÇA DO ZÉ RONALDO



Nossa série DIÁLOGOS AMISTOSOS tem uma pré-estreia com a divulgação do trabalho de Vitor Lacerda Siqueira pelo fato do seu blog estar concorrendo ao Prêmio Top Blog (ENTREVISTA COM VITOR LACERDA SIQUEIRA).
Agora estamos firmando nosso compromisso de levar essa série em diante abordando temas pertinentes com aqueles e aquelas que fazem a história acontecer.
Hoje estamos postando uma conversa amistosa com o professor José Ronaldo, Professor no Colégio Mutum e na Rede Estadual de Minas Gerais. Um carioca que tem Mutum no coração e certamente se inspira em nossa faina para criar seus personagens em contos que roda o Brasil em concursos literários e antologias.
A conversa (entrevista) teve como motivação a sua participação em um desafio de miniconto.
Por se tratar de um diálogo amistoso, conservamos a espontaneidade da conversa.

Como você entende o processo de fazer literatura em um país onde se lê pouco?
Na verdade é como percorrer o labirinto de Creta com um Minotauro no seu encalço perguntando “Para quê fazer isso?”, mas como todo autor escreve primeiro para si mesmo, então o ato de fazer literário vem, primeiramente, como um desejo inenarrável de escrever. Com o tempo, os poucos leitores que existem, começam a te notar e, quando vês, já tens alguns leitores. Espanto-me com alguns “facebookianos” que, às vezes, entram em contato comigo e se dizem meus leitores e fãs... poxa, cara, isso deixa qualquer escritor arrepiado de emoção!

Qual o principal objetivo da sua literatura?
Como eu respondi, na primeira pergunta, exortar meus próprios fantasmas e sentir um prazer sem escrúpulos da vida. Escrevo porque, em determinado momento de minha vida, um impulso, uma fagulha de não sei o quê me queimou a entranha cerebral e me vi num desejo de conjugação carnal danado de criar uma vida, ou várias, e delinear sua sequência vital. É uma sensação que não é facilmente explicável. Escrevo, também, porque quero compartilhar ideias minhas, produzo muito material envolvendo a figura do professor, classe desprestigiada da qual faço parte, no intuito de que, de algum modo, possa acontecer alguma mudança. E, por fim, escrevo para que alguém, algum dia, possa ler e se tocar de que tem essa mesma força interior divinal de criar vidas, como tantos outros escritores de que eu admiro também me incentivaram.

Quais prêmios você participou? (cite alguns)
Vixi, Cláudio, são tantos... Venci o Concurso Literário de Barueri em 2008, o Cléber Onias Guimarães, de São Paulo, em 2009, fui terceiro lugar no Concurso SESC-DF em literatura infantil, em 2010...é muita premiação que eu tenho, fora as antologias das quais faço parte por conta destes concursos...isso é uma cachaça, meu amigo, não dá vontade de parar não...
Você está participando de um desafio de minicontos?
É, estou, é uma competição amistosa, patrocinado pelo jornal virtual, o Olaria das letras (http://olariadasletras.blogspot.com.br) ...cada mês eles propõem um tema e uma forma de se apresentar os textos, pode ser conto, microconto, miniconto...comecei a participar no fim do ano passado...mês retrasado e passado fui primeiro lugar...vamos ver até quando eu consigo manter essa hegemonia....hahahahahahahahaha....
Você é apenas contista ou você também já produziu romance ou outro gênero?
Minha especialidade são os contos, mas também sou cronista e poeta... Embora esse último eu mesmo não me considere e tenho um romance inacabado que só JC saberá quando se concluirá....hahahahahahahahahahaha...

Sobre o que seu miniconto retrata?
Geralmente meus minicontos são sobre coisas fugazes que o olhar desatento não consegue captar no cotidianamente temporal, ou são reflexões minhas que converto nas mentes de outrens (minhas personagens)....são temas e situações que nos cercam e que a deixamos invisíveis por essa correria famigerada de mundo Canis.

Como você vê a literatura aqui em Mutum?
Olha, Claudão, em Mutum se não for por uma meia dúzia de dois ou três desbravadores que tomaram essa iniciativa, ela estaria ainda na era Hadaica da formação da Terra. Difícil se falar em Literatura em um lugar em que nem uma livraria exista! Bibliotecas escolares ainda estão bem nutridas de bons exemplares, graças aos programas do governo federal, mas limitam-se ao ambiente escolar. Sem livrarias, para a população tatear um exemplar, experimentá-lo, provar desse ambiente, é muito complicado. Quanto à produção de literatura em si, temos aqui em Mutum algumas boas almas que, amadorísticamente, como eu, deram alguns passos em direção ao progresso: Olivinho, o Gisélio, o Francisco Fagundes, entre outros.

O que precisa ser feito para “desabrochar” uma onda literária em Mutum?
Investimento da administração pública e do setor privado, por exemplo. Um curso de produção literária ou um grupo de leitura que orientasse para os clássicos. Uma feira literária, convidando editoras pequenas aqui de Minas (este estado é um celeiro de pequenas editoras!), qualquer ação que seja, que livre as mentes de nossos jovens do limo do tédio mental que leva à ruína.

O que mais você gostaria de dizer?

Há em Mutum, Cláudio, uma massa famélica de sonhos, expectativas e de cultura. Infelizmente, parece que cultura, aqui, para vocês, segundo os últimos administradores públicos, resume-se apenas à Exposição Agropecuária. Vai mais além do que isso. A Exposição é um elo forte cultural dessa região, mas não pode ser o único, ou o único que tenha verba para ser realizado. Existe uma leva grande de leitores adolescentes aqui, jovens músicos e poetas, atores promissores mirins. Deveríamos absorvê-los todos, abraçando-os, para que não se percam em caminhos atribulados, de becos sem-saída.

Um comentário:

  1. CLAUDÃO, SINTO-ME HONRADO E MUITO PRESTIGIADO DE TER SIDO O PRIMEIRO DE UMA SÉRIE, QUE ACREDITO, SERÁ ENORME, MEU AMIGO! PARABÉNS PELA INICIATIVA E SUCESSO, CARA!

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